quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Um novo jornal na Serra Catarinense


Notícia boa!
Dentro de alguns dias, um novo jornal será publicado na Serra Catarinense. Segundo a fonte – o blog do meu grande amigo Glauco, o São Joaquim de Fato  http://saojoaquimonline.com.br/saojoaquimdefato/?p=832  - o jornal será imparcial, ético e, como todo bom jornalismo, curioso. O formato da publicação será o tablóide. Boa parte de suas páginas serão coloridas e com diagramação moderna.
O nome do periódico ainda será definido. Mas o que já é certo é que toda a região serrana sairá ganhando.
Bem vindo ao novo tablóide e sucesso aos empreendedores!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Máximas de Saramago (8)

É evidente: a maldade, a crueldade são inventos da razão humana, da sua capacidade para mentir, para destruir.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Máximas de Saramago (7)

Talvez isto é que seja o destino, sabermos o que vai acontecer, sabermos que não há nada que o possa evitar, e ficarmos quietos, olhando, como puros observadores do espectáculo do mundo.


 

In O Ano da Morte de Ricardo Reis, Ed. Caminho, 14.ª ed., p. 396

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Máximas de Saramago (6)

Nem a arte nem a literatura têm que dar-nos lições de moral. Somos nós que temos de salvar-nos, e só é possível com uma postura cidadã ética, embora possa soar a antigo e anacrónico.


 

Em "Saramago: 'Hay que resucitar el respeto y la solidaridad", El Mundo, Madrid, 22 de Maio de 1996.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sérgio - a fragilidade da vida

Em algumas situações a gente se dá conta da fragilidade que é a nossa vida. Meu entendimento sobre a vida e a morte é puro e simplesmente um tanto quanto ateu: em um momento a gente está; noutro, não mais está.
Minha mãe telefonou de São Joaquim aqui para casa (Blumenau) hoje, por volta das nove da manhã – que é uma estranheza – pois ontem à noite mesmo eu havia falado com ela ao telefone. O motivo da ligação – que eu já suspeitava que boa coisa não era – foi a notícia da morte de um amigo lá de São Joaquim, o Sérgio Dutra, mais conhecido como Serjão, ou mesmo, Chicletão.
O Sérgio era da turma do meu irmão mais velho, o Rafael. Sempre tive uma grande consideração pelo Sérgio. Era um cara muito divertido, de um humor irônico e saudável.
O Sérgio sofreu um ataque fulminante no coração e veio a falecer nesta manhã, em sua casa.
Minhas condolências a toda a família do Sérgio, em especial à Maria Cristina, minha amiga querida.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Máximas de Saramago (5)

Há um personagem [a rapariga dos óculos escuros] no meu livro [Ensaio sobre a Cegueira] que pronuncia as palavras chave: “Dentro de nós há uma coisa que não tem nome. Isso é o que somos”. Do que necessitamos é procurar e dar um nome a essa coisa: talvez lhe possamos chamar, simplesmente, “humanidade”.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Máximas de Saramago (4)

"Muita gente me diz que sou pessimista; mas não é verdade, é o mundo que é péssimo. O ser humano limita-se na actualidade a "ter" coisas, mas a humanidade esqueceu-se de "ser". Este último dá muito trabalho: pensar, duvidar, perguntar-se sobre si mesmo…"


 

Publicado no blog Outros Cadernos de Saramago, da Fundação José Saramago, em 05 de setembro de 2010.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Máximas do Saramago (3)

A máxima que publico hoje foi também publicada hoje mesmo no blog da Fundação José Saramago.

"Triunfar significa ter e ter mais, deixando algo que foi importante, isso a que chamamos ser mais conscientes, mais solidários, mais unidos aos sentimentos." La Gaceta de Canarias, Las Palmas de Gran Canaria, em 7 de junho de 1998.

sábado, 21 de agosto de 2010

Um Sargento na Família



Hoje cedo, às nove horas da manhã, fui ao 23º Batalhão de Infantaria aqui de Blumenau para prestigiar a formatura do Diego Domingos Jentig Martorano, o Domingos, como ficou sendo conhecido pelos companheiros do pelotão.
Acabei não encontrando nenhum parente nem mesmo o formando. Mas compareci para prestar-lhe a homenagem.
O pelotão recebeu a Boina Azul Ferrete, que é a cor que os alunos da ESA (Escola de Sargentos das Armas) recebem quando terminam o curso. As cores diferentes são usadas para diferenciar os militares que as usam.
O destaque da cerimônia de colação foi a apresentação do pelotão junto à Banda do Exército. Rolou até a música Borboletas, da dupla Victor & Léo, com arranjo de metais e tudo.
Taí um programa diferente para uma manhã de sábado...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Máximas de Saramago (2)

"Mil vezes a experiência tem demonstrado, mesmo em pessoas não particularmente dadas à reflexão, que a melhor maneira de chegar a uma ideia é ir deixando discorrer o pensamento ao sabor dos seus próprio acasos e inclinações, mas vigiando-o com uma atenção que convém parecer distraída, como se se estivesse a pensar noutra coisa, e de repente salta-se em cima do desprevenido achado como um tigre sobre a presa."


 

Em O Evangelho Segundo Jesus Cristo, p. 90-91.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Os iPads e os livros convencionais

O advento dos iPads e outras mídias eletrônicas indica que os leitores, cada vez mais, deixam de adquirir os livros convencionais, impressos em papel, e se rendem sem resistência aos e-books e outros textos digitais em geral. Tomando como exemplo o meu próprio exemplo, à medida que o tempo passa, o livro eletrônico torna-se cada vez mais presente no meu dia a dia. No entanto a necessidade de ter em minhas mãos, impressos em papel, os textos que leio aqui no ecrâ do computador é imprescindível.

No caso das consultas em dicionários, nada melhor que um dicionário eletrônico. Basta digitar o verbete desejado que, num átimo de segundo, todas as definições estão ali, prontas, imediatas. Além das definições, o dicionário eletrônico dá também os sinônimos, os antônimos, a gramática, os homônimos, os parônimos, a etimologia e uma série de informações necessárias para um profundo entendimento da palavra ou termo pesquisado.

Tenho um dicionário Aurélio século XXI (em papel) – o "Aurelião" -, que ganhei de um amigo na ocasião da minha formatura, mas o que acontece é que, como também possuo um dicionário eletrônico Houaiss (inclusive já com a nova ortografia) instalado aqui no micro, acabo utilizando cada vez menos o meu livrão.

Se o livro é utilizado pelo leitor apenas como fonte de pesquisa, nada melhor que um texto digitalizado, por sua rapidez e praticidade no ato da pesquisa. Agora, se o leitor deseja uma leitura que lhe dê prazer, deleite, uma leitura profunda, com calma, nada como o bom e velho livro impresso em papel.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Máximas de Saramago (1)

Monólogo interior de José, em o Evangelho Segundo Jesus Cristo, de 1991.


 

"O que é que em nós sonha o que sonhamos, Porventura os sonhos são lembranças que a alma tem no corpo, pensou a seguir, e isto era uma resposta."

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Liquidação de Livros


Foi na quinta-feira passada, dia 17 de junho, que eu e a Mila fomos até a Livraria Alemã, aqui em Blumenau, para ver o que encontraríamos dos livros e acessórios para escritório que estão sendo liquidados. A livraria, com mais de sessenta anos de existência, fechará as portas. O que é pena.
    Chegamos à loja por volta das sete horas da noite. Se soubéssemos com antecedência dessa promoção inusitada (tudo com sessenta por cento de desconto), teríamos ido às compras logo no começo da liquidação. Mesmo assim, conseguimos alguns exemplares de relevância.
    A Mila ficou na seção de livros de Arquitetura e Artes e eu, por minha vez, deparei-me com exemplares de Literatura Brasileira. Acabei adquirindo treze livros. Supri algumas deficiências da minha modesta biblioteca. Não tinha nada de Monteiro Lobato, agora, possuo dois: Urupês e Cidades Mortas. Está agora aqui na minha estante, esperando para ser lida, a Antologia Poética, da Cecília Meireles. Do Ariano Suassuna, consegui o seu O Auto da Compadecida. O Retrato do Rei, de Ana Miranda e A Máquina, de Adriana Falcão. Um exemplar do Carlos Heitor Cony – Informação ao Crucificado –, um do romancista Oscar Niemayer – isto mesmo, o arquiteto – E Agora?. Do Salim Miguel, trouxe para casa o seu Nur na Escuridão; O que é isso, companheiro?, do Fernando Gabeira. Uma coletânea de contos do Lêdo Ivo e As Pequenas Criaturas, do Rubem Fonseca. E, para fechar com chave de ouro, A História da Literatura Brasileira – Tomo I, de Sílvio Romero.
O legal dessa história toda é que, além do desconto de 60%, a maioria dos livros que adquiri estava já se encontrava em promoção. Ou seja, se o livro na promoção custava R$ 12,00, com o desconto, saiu por R$ 7,20. Livros novos com preço de livro usado.
    Apenas uma coisa me deixou cabisbaixo: nenhum Saramago. Nenhum mesmo. Quando entrei na loja, dirigi-me objetivamente para a estante reservada ao Nobel de Literatura. Nada. E agora, já não há mais Saramago.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A morte de um ícone

O escritor português José Saramago, primeiro Prêmio Nobel em Língua Portuguesa, morreu nesta sexta-feira em sua casa aos 87 anos. O autor, cuja frágil saúde provocou temores sobre sua vida há alguns anos, pu-blicou no final de 2009 seu último romance "Caim", um olhar irônico sobre o Velho Testamento, muito criticado pela Igreja.

José Saramago é um dos maiores escritores de todos os tempos. Sua literatura é ampla, complexa e extremamente racional, apesar de seus deslizes pelo mágico e pelo alegórico. Seus textos são truncados, cheios de idas e voltas. Um texto opaco. Mas no final de cada leitura, o leitor é quem se sente opaco, cheio de dúvidas, certezas e incertezas. Um texto até mesmo bíblico, apesar de ser “anti-bíblico” no conteúdo.

Minha relação com a obra do escritor português se deu através da música. Foi através de outro grande artista: Chico Buarque. O primeiro livro que li de Saramago foi O conto da ilha desconhecida. Depois, seguiu-se o Memorial do Convento, este belíssimo relato histórico-alegórico da construção do Convento de Mafra, em Portugal. Desde então, nunca mais deixei de ler os seus textos e livros.

Minha visão de mundo tornou-se, depois de conhecer a obra do es-critor, mais centrada e crítica. Sou um quase-ateu, para não dizer ateu mesmo. Minha opinião sobre religião está de acordo com as opiniões do autor português. Concordo com quase tudo o que escreveu. "O ser humano inventou Deus e depois escravizou-se a ele", disse o escritor certa vez. E estamos escravizados e continuaremos ainda por muito tempo...

Uma perda lastimável. Um ícone.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Aprendiz de Contrabaixo

Foi em dezembro de 1995 que aprendi de fato a tocar o contrabaixo. Já arranhava um pouco o instrumento, mas somente umas frases de algumas músicas dos Beatles e outras levadas básicas.

Eu já havia estudado piano quando criança, no entanto já conhecia as escalas básicas e já tinha uma boa noção da notação musical. E de tanto ouvir os discos dos Beatles e de outros grupos e artistas, tanto do rock como da MPB, já sabia como se comportava o contrabaixo numa banda. Foi natural, para mim, tornar-me um contrabaixista.

Estávamos passando uns dias daquele início de verão no nosso sítio em São Joaquim e foi lá que o meu irmão Rafael me deu as primeiras aulas de música. Como na época eu ainda não tinha um instrumento, pedimos então um contrabaixo Tonante de um músico da cidade para as primeiras aulas. O meu irmão ensinou-me alguns arpejos de acordes maiores e menores e diversas músicas.

Tocamos, lembro ainda hoje, a música “D’yer mak’er” – do Led Zeppelin; “Under the bridge” – do Red Hot Chilli Peppers; “All my loving” – dos Beatles; e mais umas quantas músicas do Gilberto Gil, do Alceu Valença e uns quantos roques nacionais e internacionais. Em todas as músicas eu ia me virando no contrabaixo. Executava os arpejos dos acordes das canções e ia aplicando algumas escalas convenientes.

Foi por aqueles dias que o repertório básico da banda se formou...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Lei da Física – Dias de Azar (2)

Os dias de azar já estavam em andamento há algumas semanas aqui por casa. Na semana passada foi a minha vez de bater o carro, como ficou devidamente registrado aqui no blog, na postagem anterior a esta. Esses dias atrás – coisa de umas duas semanas ou mais– aconteceu com o Eduardo, o meu irmão do meio.

Estava ele indo pagar uma conta na agência do Banco do Brasil aqui da Escola Agrícola quando teve um encontro também não muito agradável com um motoqueiro. Esses encontros estão cada vez mais frequentes, já faz parte da rotina das cidades. Com a abundância de motocicletas e seus respectivos condutores e o número de automóveis cada vez maior nas ruas da cidade, esses encontros não são lá tão incomuns assim.

O cara da moto simplesmente não aprendeu bem aquela lei básica da Física que diz que dois corpos não ocupam o mesmo espaço. Não houve maneira de moto–motoqueiro–Elba ocuparem a mesmo lugar. Definitivamente, mais do que provado e comprovado, fez-se a lei da razão da Ciência.

    O ocorrido foi justamente quando a Elba havia voltado da reforma. Estava linda! A lataria toda brilhando, sem nenhum amassado, as calotas novas... O piloto da moto não teve compaixão. Ao avistar aquela Elba, toda novinha, decerto ficou enciumado e foi, eufórico, ao seu encontro.

    Observando o transito das cidades, percebe-se nitidamente como o pessoal não aprendeu de fato aquela tal lei. É carro passando por cima das calçadas, avançando os sinais, engarrafando o trânsito, que já é encalacrado por si só, somente para ganhar alguns segundos e chegar na frente, um ou dois carros.

    Ou os professores de Física não estão ensinando muito bem a lei descrita acima ou os caras (motoristas em geral) desprezam-na completamente...

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dias de azar – ou má-sorte

Hoje é dia 1º de abril, dia nacional (ou mundial?) da mentira. Relatarei o que me aconteceu ontem exatamente às 13h e 50min. Bati o carro. Parece mentira, mas não é. Estou contando somente hoje, no entanto, repito, não é mentira.

    Estava eu guiando o Celta prata da Mila, feliz da vida, quando tive um encontro não muito agradável com a traseira de um outro veículo que simplesmente brecou no meio da via. Não tive tempo de desviar, pois a distância entre os dois carros, o meu e o da mulher(!), não era lá essas coisas.

    Foi apenas um lapso de distração. Observei que o carro da frente havia partido em direção à rua para onde eu também me dirigia. Olhei, então, para o lado para ver se vinha algum carro da tal rua e, quando voltei o olhar para frente, vi apenas aquela traseira maldita. Brequei com toda a força. O carro foi parando, parando, mas não foi o suficiente: beijou o pára-choque traseiro da outra viatura.

Foi um encontro, digamos, entusiasmado entre os dos veículos. Nada muito grave. Pelo menos eu não estava com uma velocidade muito alta, creio eu que uns 20 ou 30 km/h.

    O carro da mulher(!) quase não sofreu dano, apenas uns arranhões aqui e ali no pára-choque.

O Bala de Prata (o Celta), porém, ficou com um belo amassado na parte dianteira. O radiador sofreu com a batida e começou a extravasar a água.

    Resultado: ficamos a pé e, eu, com uma conta a mais para pagar.

Acho que devo me benzer. Várias pessoas já me disseram. Mesmo não acreditando muito nesse negócio. Prefiro chamar o ocorrido apenas de azar. Ou má-sorte.

    

quarta-feira, 31 de março de 2010

O branco e o ofício

Quando ficamos alguns dias sem praticar aquilo que faz parte do nosso ofício, acabamos perdendo a empolgação e o foco daquilo que buscamos e almejamos.

Isso acontece muito comigo. Nos dias em que me dedico às aulas de violão ou contrabaixo, acabo me afastando da literatura. O mesmo acontece quando do oposto da situação.

    O ruim é quando se está trabalhando em algum ofício específico e somos obrigados a nos dedicar a outra área que não àquela a que nos interessa no momento. Dias depois, quando voltamos ao que estávamos desenvolvendo, foi-se a inspiração e o foco se perdeu.

Este é o branco. Um black out às avessas. No Black out, não enxergamos nada. Tudo é preto e escuro. O branco é ainda pior. Tem-se uma infinidade tal de informações que uma cegueira branca estabelece-se. Não vemos um palmo à nossa frente. Não somos capazes de estabelecer um pensamento sequer.

    A inspiração é o que impulsiona o artista, mas o que faz a coisa acontecer mesmo é a transpiração. No entanto, quando se perde a inspiração, perde-se a motivação, o entusiasmo, o foco.

Como no caso que acabou de ocorrer comigo há alguns dias. Estava escrevendo um conto que, acho eu, será parte de um romance, aconteceu um empecilho que me obrigou a abandonar o trabalho às pressas. Lá se foi o foco e a motivação perdeu-se de vez nos labirintos de nós mesmos...

sábado, 27 de março de 2010

O porquê do blog

Este blog tem como principal objetivo a prática da escrita. O que pretendo com este espaço virtual e aberto para quem quer que seja é exercitar ao máximo o meu pensamento e praticar, de maneira objetiva e direta, a minha escrita. Além do mais, obter uma disciplina para escrever praticamente todos os dias.

    Confesso que às vezes fica difícil me dedicar como queria a este espaço. Na postagem anterior a esta, confessei, ou simplesmente tentei justificar as minhas ausências esporádicas. No entanto, vou levando...

Este blog, além do que foi descrito acima, é uma espécie de diário pessoal aberto, o que caracteriza o blog como definição primária. Os artigos ou textos deste blog em especial têm como função o exercício da memória do seu próprio autor. É um diário de memórias.

Todo texto carrega em si uma carga de ideias, ideais ou pensamentos do seu autor. No entanto, não tenho pretensão política nem tampouco literária com este blog. O que pretendo é me expor um pouco mais e pôr para fora aquilo que me sobrecarrega.

Os textos aqui postados serão apenas e tão somente um exercício de escrita. A minha intenção não é formar uma legião de seguidores. Esses textos são como passatempo para mim. Escrevo-os sem intenção. Somente por deleite próprio.

São escritos possíveis de serem partilhados. E só.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Presença esporádica

Passei vários dias sem me dedicar a este blog. Estive mais envolvido com outros afazeres nestas últimas semanas. Minha presença esporádica nestas paragens virtuais cada vez mais se intensifica.

Cada dia que passa, vou adiando mais e mais o meu retorno a esta página. Se bem que nos últimos dias fiquei envolvido de tal maneira com as aulas de música e com a banda de um modo geral que mal pude me concentrar a algum texto qualquer.

Não que esteja me desculpando, mas acabo ficando um pouco chateado comigo mesmo quando não me dedico suficientemente a este blog. Sei que têm pessoas que leem de quando em vez e que esperam por uma nova postagem.

Vontade e necessidade de escrever sempre tive, ou tenho. A escrita é uma forma de me expor, e estes textos aqui do blog servem como um desabafo. Este espaço é como ma janela aonde, de vez em quando, eu me debruço e espio a paisagem ao meu redor, ou o que me acontece no meu íntimo.

Algumas ideias de temas para serem desenvolvidos, volta e meia, passam pela minha cabeça. Aí penso: "depois eu escrevo..." E esse depois demora tanto que o texto nem sequer toma corpo.

    Mas tentarei não me ausentar mais por muito tempo. Prometo. Preciso aprender a me concentrar e a me dedicar com mais paixão a este ofício.

    Este é mais um texto simples e sem pretensão literária.

    Apenas um pequeno escrito possível.

sexta-feira, 12 de março de 2010

E Assim Falou Zaratustra...

Na postagem de hoje transcrevi um trecho do livro Assim falou Zaratustra, do grande filósofo e pensador do século XIX Friedrich Nietzsche. O trecho abaixo não necessita de explicações, basta ler, apreciar e interpretar. O estilo poético e bíblico do texto sugere interpretações diversas. Porém a mensagem principal pode ser facilmente compreendida.

    Segue o trecho:

"Chamo desgraçados também aos que têm de estar sempre à espera, são o contrário de mim, todos esses aduaneiros e tendeiros e reis e demais guardiães de países e de lojas.

    Eu também aprendi profundamente a esperar, mas esperar-me a mim. Aprendi sobretudo a ter-me de pé, a andar, a correr, a saltar e a bailar.

    Que a minha doutrina é esta: o que quer aprender a voar um dia, deve desde logo aprender a ter-se de pé, a andar, a correr, a saltar, a trepar e a bailar; não se aprende a voar logo à primeira!

    Com escadas de corda aprendi a escalar mais de uma janela; com pernas ágeis trepei a elevados mastros do conhecimento, oscilando como uma labaredazinha: uma luzinha tão só, mas um grande consolo, todavia, para as embarcações encalhadas e para os náufragos.

    Cheguei à minha verdade por muitos caminhos e de muitas maneiras; não subi por uma escada só à altura donde os meus olhos olham ao longe.

    E nunca perguntei o caminho sem me contrariar. – Sempre fui contrário a isso. – Sempre preferi interrogar e submeter à prova os próprios caminhos.

    Provando e interrogando, foi assim que caminhei, e naturalmente é mister aprender também a responder a semelhantes perguntas. Eis o meu gosto: não é o meu gosto, e não preciso ocultá-lo nem dele me envergonhar.

    'Este é agora o meu caminho; onde está o vosso?' Era o que eu respondia aos que me perguntavam 'o caminho'. Que o caminho... o caminho     não existe.

    Assim falou Zaratustra."

quinta-feira, 4 de março de 2010

O fugitivo perneta

Na última segunda-feira, dia primeiro de fevereiro, estava eu assistindo ao Jornal do Almoço, da RBS TV, quando a âncora do jornal apresentou a matéria sobre um detento que escapara do Presídio de Itajaí. Na hora mesmo veio-me à mente a imagem do personagem do romance A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson, o pirata Long John Silver. A relação se deu devido ao fugitivo ser perneta, assim como o velho pirata desse clássico romance de aventura.

    Por ter conseguido escapulir da prisão, o personagem da vida real assemelha-se também, acredito, ao que se diz respeito à agilidade do pirata perneta. A passagem do livro que descreve o vilão é crucial: "Tinha a perna esquerda amputada, e sob o braço trazia uma muleta, que manejava com destreza admirável, saltitando com ela feito um pássaro".

    Fiquei imaginando e vendo a cena na minha cabeça do fugitivo perneta saltitando, veloz, feliz e livre como um pássaro em busca da liberdade.

    O velho pirata traiçoeiro, aliás, também acabou escapulindo de vereda no final da aventura. Sumiu do mapa. E, segundo consta no romance, a sua fuga aconteceu aqui pelas paragens americanas. Vai ver o ex-presidiário é um parente longínquo do velho Long John Silver...

    Agora, imaginem aqui comigo: como serão os guardas daquele presídio para deixarem escapar um detento perneta?! Será que são também pernetas? Ou, quem sabe, manetas? Pois eu acho que são, simplesmente, ceguetas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Os três anos do Taleco


Ontem, 28 de fevereiro, eu e a Mila fomos festejar os três anos do nosso afilhado, o Thales. A festa aconteceu na casa do Horácio e da Cinara, que são os pais do aniversariante.
Assim como toda boa festa de criança, as guloseimas e os salgadinhos, preparados pela Ci, não faltaram. E para aproveitar ao máximo o momento, segui à risca o ditado que diz: "em terra de romanos, faça como os romanos". Ataquei de pratinho de papelão e garfinho de plástico – estes, reservados, lógico, exclusivamente às crianças.
O garfinho, acabei devolvendo-o ao pequeno monte que jazia a um canto da mesa devido às censuras da dona Isolde para trocá-lo por um garfo de metal.
"Não não, João, coma com o garfo de verdade, é melhor! – ralhou comigo a avó materna.
Que sem-graça, comer à moda ordinária de todos os dias!
"Tudo bem" – pensei comigo – "mas quanto ao pratinho de papel, este ninguém me tira!"
Entregamos os presentes ao afilhado ali mesmo na cozinha. Dos três presentes que levamos, o que o Taleco aparentemente mais se encantou foi o pianinho.
Tempos depois da entrega dos presentes, lá estava ele ainda cantarolando, acompanhando-se pelo teclado, a escala diatônica, que ainda não sabe muito bem: "Dó, ré, mi, fá, lá, lá, rá, rá, lá...
Estava tudo uma beleza, e, ainda por cima, para não fugir do padrão dos festins familiares e fraternos, trouxemos para casa aquele potinho cheio de salgados – que foi devorado tão logo chegamos em casa – além de mais um pedaço de nega maluca. Coisa boa!
Parabéns ao Taleco e um beijo bem grande pra Verônica, que é a sua irmãzinha e que está completando hoje oito anos.
Ah, só pra deixar todo mundo com inveja: enquanto escrevi este pequeno texto, devorei o derradeiro pedaço da nega maluca.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Blog da The Zorden no Myspace

Quem quiser acompanhar as peripécias da The Zorden, sinta-se à vontade e acesse o Myspace da banda - o endereço está logo a baixo. Além das músicas em Mp3, das fotos e vídeos, lá você encontrará o "Blog da The Zorden". Os textos, escritos também por mim, falam, ou falarão, sobre a banda - os shows, as entrevistas, o processo de composição das músicas, a produção do novo cd etc.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O esporte como deleite


Não sou um adepto do esporte. Aliás, gosto mesmo é ficar apreciando o esforço alheio, e pensando: coitado do cara! O ser humano deleita-se assistindo ao sofrimento alheio.
Os esportistas geralmente são pessoas saradas, possuem corpos esculturais, esbanjam saúde etc. e tal. Mas por que será que os jogadores de futebol, por exemplo, são considerados velhos depois dos trinta? O Mike Jagger tem uns setenta e bolinha e tá lá, firme e forte, cantando e gingando no palco. De velho, só a idade. E dizem que esporte é saúde. Mas será que é mesmo? Sei lá.
O grande Chico Anysio certa vez, em uma entrevista, fez duas perguntas a um entrevistador: "quantos esportistas você conhece, que viveram ou ainda vivem, ultrapassaram os cem anos?". O entrevistador ficou pensando um instante e a resposta veio simples e seca: "nenhum". Depois, a outra pergunta: "agora, quantos escritores, artistas ou intelectuais?" Resposta: "Muitos."
Tá aí o Oscar Niemeyer, que passou dos cem e tá mais firme que nem prego na areia. Tem também o José Saramago e o próprio Mike Jagger, que logo logo chegam aos cem, e que comprovam a teoria do Chico, que com a qual eu concordo plenamente: Esporte não é saúde. Arte, sim, é que é saúde! Existe a arte do esporte, mas isso é uma outra história.
O Saramago é um bom caminhante. Sei disso por ter lido nos seus Cadernos de Lanzarote e n'O Caderno, onde ele descreveu o seu cotidiano. O velhinho caminha bastante. Várias passagens desses livros o confessam. A sua jornada ao monte da ilha de Lanzarote é um bom exemplo.
Longas caminhadas, natação, uma pelada de futebol – claro que sem muita correria –, é óbvio que só fazem bem à nossa saúde, não há dúvida, mas desde que sejam executados com moderação. Inclusive a modalidade de levantamento de copo, que é a minha favorita.
Vejo no esporte, um deleite para a alma, mais que para o corpo, principalmente para aquele que está assistindo confortavelmente do sofá da sala e bebericando um cafezinho ou uma cervejinha bem gelada.
E viva o esporte!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Carnaval em Vancouver


Desde o feriado do carnaval que eu e a Mila estamos acompanhando as Olimpíadas de Inverno de Vancouver, no Canadá. Passamos o feriado em Porto Belo. Como não gostamos muito de pegar um sol, ficamos confinados em casa, em frente à TV. À praia propriamente dita, fomos, somente, nos finais de tarde. Passamos o carnaval quase que literalmente em Vancouver. Das escolas de samba, só uma olhadela rápida pelos noticiários. E isso que eu, como um bom brasileiro, gosto de samba.
A Mila, que já fez patinação, não perdia a oportunidade de pregar os olhos nas competições de patinação no gelo. Eu, pelo meu lado, devo admitir que também aprecio o espetáculo da dança, dos giros, dos saltos daquela modalidade, apesar de me sentir mais empolgado assistindo aos esportes mais "radicais", como o snowboard, as diversas modalidades do esqui etc.
Mas a verdade é que as Olimpíadas de Vancouver são um espetáculo à parte. Tudo organizado, sem filas, sem empurra-empurra, sem confusão. Não vemos, pelo menos para quem acompanha do lado de cá do ecrã, através da boa transmissão feita pela Rede Record, uma única sujeira nas ruas - papel, lata de cerveja etc. É a educação do primeiro mundo.
Em compensação, o carnaval aqui do Brasil, infelizmente, tem uma outra realidade. Gente urinando pelas ruas, pelas paredes e muros das cidades; papéis e latas de cerveja em todos os lugares, menos na lixeira. E têm ainda aqueles caras que passam com o som do carro talado no último, que chega a tremer o chão por onde passam e que mais parece um trio elétrico, e, diga-se de passagem, de um mau-gosto musical que chega a dar ânsia de vômito. E isso sem estar de ressaca!
Sobre esse assunto, o Rubem Fonseca escreveu em uma das suas obras, não me lembro ao certo em qual: o som alto é um sinal de estupidez. Concordo plenamente com o autor, visto que quem está pelas proximidades desses tais "trios elétricos" nem sequer consegue pensar, muito ao menos conversar.
Só quero saber como serão os Jogos Olímpicos aqui do Rio, em 2016...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

The Zorden em CD (7) – Waldir Annuseck

Foi no dia nove de novembro do ano passado, numa segunda-feira, que aconteceu a agravação do acordeão do seu Waldir Annuseck. A música Pra te encontrar, do Marcos Annuseck, com a letra feita praticamente em seis mãos – duas do próprio Marcos, duas minhas (João Paulo) com a ajuda da Mila (a Milene) – pedia algum instrumento que fugisse um pouco do padrão de uma banda de rock – guitarra, violão, baixo, bateria.

    A princípio, foi gravado um solo de harmônio, tocado pelo Rafael no teclado, mas ainda não era esse o som que buscávamos. Então surgiu a ideia de convidarmos o seu Waldir, que é o pai do Marcos, para participar da gravação. Mas não abandonamos de todo o solo feito pelo meu irmão – ainda pode-se ouvir o harmônio ao fundo, por detrás da gaita do seu Waldir.

    Desde que produzimos o cd Em Ordem, gravado em 2003 e lançado em 2004, é que queríamos gravar alguma coisa com acordeão, no entanto as músicas daquele cd não pediam algo desse tipo de sonoridade e o nosso tempo no estúdio já estava se esgotando. Acabou ficando para este cd que está sendo produzido.

    Músico experiente, seu Waldir não teve dificuldade em gravar o acordeão. Tocou a música umas três ou quatro vezes apenas. Daí, escolhemos o melhor take. O trecho do solo é que foi um pouco mais demorado, porém não mais que uns cinco ou seis takes, no máximo.

    Agora, só estamos aguardando a gravação da orquestra regida pelo maestro Frank Graf para darmos cabo a esta etapa da produção do cd...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

The Zorden em CD (6) - Metais


No dia 27 de janeiro de 2010 aconteceu a gravação dos metais para o 2º cd da The Zorden. Foram três as músicas reservadas para os sopros – Tudo Passa, Dinheiro e O Sol da Manhã –, além das três canções que serão gravadas com a orquestra.
Os arranjos dos metais foram idealizados pelo Rafael e escritos por ele mesmo e pelo Hélio Reichert, que é o saxofonista da banda. O Hélio foi também o responsável pela escolha e convocação dos músicos que participariam dessa etapa da gravação.
Agendamos o estúdio e fomos aguardá-los – eu, o Rafael, o Eduardo e o Deny. Foi uma tarde de sol e de calor escaldante. Lá pelas 14h chegaram os músicos, com o Hélio à frente do grupo.
Foram três os "metaleiros": o já citado Hélio Reichert – no saxofone –, o Jackson Marquezine – no trombone – e o Ezequiel Rodrigues – no trompete. A gravação foi feita ao vivo com os três tocando ao mesmo tempo. Isso para captar o feeling da interpretação do momento. Mesmo tendo a partitura à frente de seus olhos, os músicos tiveram espaços para improvisações. Todos muito experientes, não tiveram dificuldades para tal. As três músicas foram gravadas naquela mesma tarde.
    Gostaria de deixar aqui registrado um agradecimento especial ao Jackson e ao Ezequiel pela disponibilização dos seus tempos para com a The Zorden.
    Essas foram apenas duas das participações que terão no cd. A primeira participação foi o acordeão do Waldir Annuseck, tema para o próximo texto...

sábado, 13 de fevereiro de 2010

The Zorden em CD (5) – Percussão

No dia 20 de novembro de 2009, numa sexta-feira, o Sérgio Teixeira iniciou os seus trabalhos de gravação para o 2º CD da The Zorden, ainda sem título definido – na verdade, ele já havia levado a percussão para o estúdio no dia anterior à noite. Lá pelas dez e meia da manhã começamos a passagem de som. Estávamos todos no estúdio: eu, o Rafael, o Eduardo e o produtor Deny.

    O Serginho subdividiu os trabalhos em quatro grupos distintos: Primeiro as três músicas que havíamos tocado com a orquestra da FURB e que já tinham uma percussão bem definida– O Silêncio do Vento, Mudanças e Tapera (Ribomba).

Em segundo, as que já tocamos ao vivo pelos bares, shows e festas em geral: Dinheiro, Tudo Passa e Sinais.

A terceira etapa ficou com as músicas que tinham uma percussão apenas delineada, como O Sol da Manhã, Milene e Pra te encontrar.

E por último, as músicas em que a percussão tem um papel secundário: A Fonte, Nossa Geração e Canção Perdida.

O Sergito gravou a percussão de todas as faixas em apenas um dia. Para isso, contou com a ajuda do Eduardo, que acabou gravando alguns pratos em algumas músicas: fazendo o efeito do vento, n'O Silêncio do Vento, e uns tilintidos na Canção Perdida.

Mais uma etapa da gravação do CD foi concluída, a próxima fase serão os metais do Hélio Reichert...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

The Zorden em CD (4) – Vocais

Enquanto terminávamos a gravação dos vocais principais, fomos registrando alguns backing vocals. Certas canções pedem uma segunda voz naturalmente, como é o caso de Tapera (Ribomba) e A Fonte. Na primeira, prevaleceu o arranjo vocal da interpretação que fizemos junto à Orquestra da FURB, em duas apresentações distintas, uma em setembro, e a outra, em dezembro de 2007, no qual o Fael canta a primeira parte, e eu, a segunda. No final, cantamos em dueto.

    Já em A Fonte, música em que falo das influências da The Zorden e dou uma pincelada na história da música, as duas vozes principais se fazem necessárias para realçar a ideia da letra e da própria The Zorden, visto que conto a história da mesma.

    As faixas restantes contam com vocais ocasionais. As segundas vozes entram nos refrães e em lugares específicos. Gravamos vocais de apoio em todas as músicas. Este é um dos pontos que diferem do cd Em Ordem. Nele, há poucos vocais, apenas em algumas passagens e em certas faixas.

Canções como Pra te encontrar, Nossa Geração, Sinais, Tudo Passa e O Sol da Manhã foram recheadas de coro, executados por mim e pelo Fael, com o apoio do Sérgio (o percussionista) em alguns trechos. Não sabemos ainda se estes coros serão definitivos, no entanto, lá estão.

A partir desta etapa, quem assumirá os trabalhos será o Serginho Teixeira...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mares e Campos, de Virgílio Várzea

Mares e Campos é um volume de contos do escritor catarinense Virgílio Várzea publicado em 1895. Virgílio foi o grande pioneiro da narrativa curta neste Estado, assim como Machado de Assis o foi em âmbito nacional. As narrativas têm o Mar como principal ponto de unidade.

Virgílio Várzea foi também o pioneiro da literatura marinhista, não apenas em Santa Catariana, mas em todo o Brasil e América do Sul. Seus contos são, em geral, pequenas tragédias vividas pela gente simples da costa catarinense – em sua maioria, os personagens são pescadores, lavradores e descendentes de açorianos.

A Morte está presente em quase todas as suas narrativas, assim como os temas religiosos – as festas, os cultos ou simplesmente a adoração dos fiéis.

Outro ponto a ser salientado são as descrições das paisagens. Uma descrição estática, do ponto de vista do narrador, em que cada conto é como se fosse um quadro pintado pela força e a beleza dos textos.

Sua literatura é uma literatura de transição. O Romantismo contrasta-se com o Realismo, abrindo, dessa forma, as portas para o Simbolismo.

Virgílio Várzea foi o primeiro escritor catarinense que mais alto voou com sua literatura, colocando, desta forma, o nosso Estado em evidência em todo o território nacional. Mares e Campos é, sem dúvida nenhuma, um grande exemplo disso.

Uma leitura poética e uma literatura agradável para quem procura saborear um bom texto, cheio de música e de sons marítimos.

sábado, 30 de janeiro de 2010

A frase (3)

"O que foi feito é preciso conhecer para melhor prosseguir" - da música O que foi feito deverá, de Milton Nascimento e Fernando Brant.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Sebos

Sempre que posso vou ao sebo. O meu sebo favorito é o Book Center, o da Rua Sete de Setembro, aqui em Blumenau. Lá, encontro livros de toda espécie. Gosto de procurar livros antigos e de autores sem muita exposição, principalmente livros que não são encontrados nas prateleiras de livrarias convencionais. Tenho uma preferência por livros de autores catarinenses. Nessas minhas procuras todas que fiz, encontrei alguns dos meus autores prediletos: Guido Wilmar Sassi, Enéas Athanázio, Salim Miguel, Flávio José Cardozo, Harry Laus entre outros.

    Do Guido, encontrei e adquiri quatro volumes: os romances São Miguel, A Geração do Deserto e O Calendário da Eternidade; mais a coletânea de contos A Bomba Atômica de Deus.

    Do Salim, encontrei o Velhice e outros contos, seu primeiro livro – uma raridade – em sua segunda edição, de 1981, cuja primeira edição é de 1951; e o livro Aproximações - leituras e anotações, de 2002.

Já o Enéas Athanázio é o campeão dos livros em sebos. Tenho quase toda a sua bibliografia, d'O Peão Negro (1973) ao A liberdade fica longe (2007). Ao todo, são treze volumes, de contos e ensaios.

Têm muitos livros e autores que ainda hei de adquirir e ler por esses sebos todos. Lá, sei que os encontrarei.

E quem disser que não lê por que o preço do livro está muito caro etc., é porque desconhece os sebos ou realmente não é muito chegado a uma boa leitura, pois encontrará livros em bom estado – alguns até parecendo novos – por uma faixa de preço entre R$ 3,00 e R$ 20,00.

Um viva aos Sebos e boas leituras!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Eu e a Literatura Catarina

Conheci Salim Miguel no IV Congresso de Língua e Literatura, organizado pelo professor Olivo Pedron e realizado pela FURB, em julho de 2002, no qual o autor de A Morte do Tenente e Outras Mortes palestraria sobre Guido Wilmar Sassi, morto naquele ano, e que seria homenageado no Congresso.

Não conhecia a literatura de ambos, somente os seus nomes. Todavia, foi a partir daquele dia que meu interesse pela literatura catarinense tornou-se real.

Já no semestre seguinte, nas aulas de Literatura Catarinense, ministradas pelo professor Olivo Pedron, aprofundei ainda mais o meu conhecimento acerca de literatura produzida em solo catarina e familiarizei-me com alguns nomes de escritores de importância, como Enéas Athanázio, Deonísio da Silva, Othon da Gama D'Eça, Tito Caravalho, Virgílio Várzea, além do próprio Salim Miguel e do já citado Guido Wilmar Sassi, entre outros.

Do Salim, havia lido somente um de seus livros – As Confissões Prematuras – e ao pegar o autógrafo do mesmo após sua palestra, contei-lhe que era neto de César Martorano, de São Joaquim, no que Salim sobressaltou-se. Ele que havia passado uns dias na Fazenda de meu avô lá em São Joaquim. Daí em diante, a conversa fluiu muito bem. Assistindo ao nosso colóquio animado, o professor Pedron convidou-me para juntar-se a eles para o almoço. Fomos os três então ao restaurante Moinho do Vale.

    Lá, Salim falou-me de sua história, indicou-me alguns livros – dos quais alguns ainda não os li, como Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos –, deu-me dicas de métodos de escrita e observação etc. Enfim, foi uma das melhores aulas de literatura que tive na minha vida. Por causa disso, sou muito grato e tenho uma admiração profunda ao Salim Miguel, que além de grande escritor – um dos maiores do Brasil – possui uma modéstia ímpar como pessoa.

    Meu relacionamento com a literatura catarinense só se fez crescer após aquele encontro. Hoje, depois destes anos todos, pretendo dar uma pequena contribuição às letras deste Estado.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O Gambá

O gambá, todas as noites, percorre o mesmo percurso. Habita o forro da casa. O cachorro, quando o avista, late desesperado. O gambá, porém, ignora o cão e os seus latidos frenéticos. Quando está para descer do seu novo hábitat, permanece no galho da árvore que dá acesso ao telhado como que zombando do vigia, que a cada dia que passa, late com mais vigor.

    De quando em vez, o gambá urina lá de cima do forro. O líquido escorre pelas paredes internas do edifício. "Ui, que odiado!", diz minha mãe, prometendo para si que no dia seguinte chamará o Nenê, o jardineiro e o responsável pela organização da propriedade, para capturar o inquilino indesejado.

    A captura é feita com cachaça. O bichinho é louco por uma cachaça. Bebe e sai cambaleando, trôpego. Por esse motivo é que se diz: "tá mais bêbado do que um gambá".

    Tem dias que o barulho que vem do forro de madeira da casa, para os ouvidos desavisados, parece ser o barulho de alguma pessoa, um ladrão talvez, que penetrou a morada. Corre de um lado a outro no teto da sala. Não tenho certeza se é apenas um gambá que habita o forro ou se uma família inteira – pai, mãe e crias. Nunca estudei a fundo o comportamento de um gambá. Sei apenas que é um marsupial, parente próximo do canguru. Lá na região serrana, o pessoal costuma chamá-lo de raposa. Acho que é porque ele, às vezes, ataca os galinheiros em busca de alguma galinha desatenta. Deve ser por isso.

    Ele agora deu em morar nos forros de nossas casas. Por ser ele um animal arborícola, o motivo para tal atitude deve ser o desmatamento causado pelo homem. Não vejo outra razão melhor para tal comportamento. Haja vista ser o homem um dos seus predadores, matando-o apenas por conveniência.

Assim como um ladrão, invadiu a morada como se fosse um sem-terra. Mas para o nosso inquilino em questão, sua parceira e suas respectivas crias, o termo mais adequado seria sem-teto. Estão como que a reivindicar a posse da casa própria. Ou a motivação que o leva a tal comportamento deve estar relacionada à cachaça. O gambá tornou-se um alcoólatra inveterado.

Depois de alguns dias, minha mãe cumpre o que prometido a si mesma. Ao entardecer, tá lá o Nenê com a sua arapuca e o engodo – a cachaça.

Prepara tudo. A cachaça é colocada em um recipiente – na verdade uma lata de sardinha – que é posicionado bem ao centro da armadilha. Basta o invasor pisar o interior do embuste, que o mesmo se fecha, encalacrando, dessa forma, o posseiro.

Na hora prevista para a descida do gambá, ficamos todos ansiosos e espiando para ver se o bicho cai na cilada. Não sem antes prender o cão. Permanecemos mais ou menos uma hora aguardando o surgimento do animal perseguido. De repente, o focinho do bicho aponta por entre as telhas e a parede de tijolos. Hesita. Fareja. Parece que está desconfiado de algo. Aponta o focinho na direção da arapuca. Fica como que envolvido pelo olor da cachaça. Sai, enfim, de sua morada.

Para. Olha em redor como que farejando o seu destino. Desce até a metade da árvore-escada. Para novamente. Hesita por mais alguns instantes. Desce à calçada aonde a morte o espera com um bocado de cachaça. Fareja. Chega finalmente à arapuca. Mas o bicho é esperto. Seus movimentos são calculados. Aproxima-se do pote. Mete o focinho, esticando o pescoço por entre as grades da armadilha. Não chega a entrar na armadilha. Suga o líquido e sai ileso e cambaleando como que zombando de nós.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Papagaio

Era quase de noite quando meu pai foi recolher o papagaio que estava solto num velho pé de macieira ao lado da casa. Ao se aproximar da árvore onde havia pendurado a gaiola com a ave, não avistou ave alguma.

Chamou:

"Rico!"

Nada do bichinho responder.

Ao redor, não havia indícios de que algum animal – gato, cachorro, gambá, gavião – pudesse ter se aproveitado da indefesa criatura.

"Riiiiicooo!"

Nada.

Por precaução, meu pai sempre mantém as asas do Rico aparadas de tal forma que ele possa apenas plainar ou alçar voos de curta distância.

Da janela, percebi que havia algo acontecendo. Meu pai zanzando de lá para cá, olhava de quando em quando para o alto das copas das árvores.

"O que é que foi, pai", perguntei.

"O Rico sumiu", respondeu ele. "Quando cheguei aqui pra recolher a gaiola, ele já não tava mais... ele nunca fugiu."

"Ih, será que algum bicho não o pegou?"

"Não, ele deve ter voado ali pr'aquelas árvores", disse meu pai apontando as árvores do lado de baixo do terreno. Depois, com uma vaga esperança, acrescentou: "não... não tem nenhum sinal de que algum bicho o pegou..." – e continuou procurando pelas redondezas.

Logo estávamos todos à procura do bicho. Eu, minha mãe e mais um amigo que estava em casa na ocasião. Andávamos de um lado a outro pelo terreno, cada um fazendo a busca em lugares diversos.

Eu, por minha vez, atravessei a rua, que fica a uns cem metros da casa. Campeei pelas copas das araucárias do terreno em frente.

Tudo em vão.

Depois, fui até o terreno que fica na esquina do lado e em frente a minha casa. Penetrei o mato por uma trilha junto ao muro que faz a divisa. Subi o íngreme terreno. O ruído dos carros que transitavam pela rua não me deixava ouvir se o papagaio respondia aos chamados.

De repente, um bando de papagaios selvagens passou por cima de minha cabeça com aquela algazarra que é natural da espécie.

"Iiihh, será que o Rico não voou pra junto deles...", pensei.

Alguns segundos depois da revoada, ouvi, já de dentro da mata do pequeno monte, aquela voz rouca e de timbre médio-agudo, peculiar de papagaio, atiçando a cachorra Tina:

"Pega-pega-pega! Tiiiiinaaa! Cô-cô-cô-cô-cô"

Lá estava o papagaio fujão no alto de umas vassouras. Voltei correndo para casa para avisar os outros.

Algum tempo depois, o Rico já estava de volta à gaiola e em segurança. Seus olhos cresciam e minguavam como se estivesse com fome ou assustado. E dizia:

"Boa tarrrde!"

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

‘Vó’ Joaca e suas histórias


Minha avó materna, Joaquina Palma Martorano, sempre foi uma pessoa muito querida e admirada por todos. Gostava de festa e vivia em constante bom humor, atributos estes herdados da família Palma. Eram raras às vezes em que saía dos trilhos. Quando acontecia, era sempre com resmungos – mais para si mesma do que para os outros – que reclamava do 'vô' César quando este se passava em seus momentos de empolgação ou por algum assunto em que a discórdia tomava conta.

Foram muitas as manhãs de verão que passamos, eu e ela, juntos e sentados nas duas cadeiras de balanço na varanda da sede da Fazenda Sumidouro. Ora conversando ora calados, apreciando a bicharada – bois, vacas, ovelhas, porcos, cavalos, bem-te-vis, pica-paus, carucacas, quero-queros, andorinhas, tesourinhas, canários etc. – e a paisagem que se espraia ao longe no chapadão em frente ao casarão: um tapete verde pontilhado aqui e ali por araucárias e dividido horizontalmente por um muro de pedra conhecido naquela região pelo nome de taipa, em cujo primeiro plano da paisagem abriga um açude onde os gansos e patos nadam calmamente.


Ficávamos horas e horas naquela condição: a 'vó' Joaca contando os causos de outrora ou alguma anedota ao estilo do Jeca-Tatu; e eu, um menino ainda nos meus dez ou doze anos, na cadência da cadeira de balanço e embalado pela sua voz calma e serena, fechava os olhos e imaginava as cenas que ela me descrevia, transportando-me no tempo e no espaço aos causos narrados.

Sempre quis voltar no tempo para testemunhar a vida dos nossos antepassados e aprender um pouco mais sobre os seus costumes. Pois sei que é conhecendo o passado que formamos um presente mais próspero e projetamos um futuro melhor.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

‘Vô’ César, um dendrólatra

Hoje, dia 07 de janeiro de 2010, seria o centésimo aniversário do meu avô César Martorano, pai de minha mãe. Ele que sempre quis alcançar essa idade. Faleceu dias antes de completar noventa e três anos de vida.

O 'vô' César sempre foi um amante da vida e das pessoas. Acho que herdei dele o meu amor pela natureza. Pelas árvores, principalmente.

    Certa vez, já nos últimos anos de sua vida, meu avô se pôs a caminhar por entre as araucárias e as bracatingas que crescem pela chácara onde morou por quase toda a sua vida e onde está a casa dos meus pais lá em São Joaquim. Apoiado por sua bengala ia de árvore em árvore, abraçando-se aos troncos das mesmas. Dizia que, fazendo isto, absorveria a energia das mesmas.

Meu avô era um dendrólatra. Não sabia ele, acredito, que este é o nome que se dá a quem gosta de árvores.

    Hoje, sou eu quem se abraça àquelas árvores. Quando me pego desprevenido, já estou grudado àqueles caules centenários das araucárias. Faço isso com o intuito de não apenas absorver as suas energias, mas também tentar ouvir as histórias que se passaram por ali centenas de anos atrás.

Parece coisa de louco, e acho que é mesmo. Mas o que de fato acontece é que quando abarco aquelas árvores e fecho os olhos, parece que o passado está todo ali me soprando aos ouvidos as histórias dos nossos antepassados.

Agora o que posso e devo fazer é recolher e contar essas histórias. Será uma homenagem digna ao meu avô e a tudo aquilo que ele me ensinou.

Ano Novo, Tudo de Novo

Começa mais um ano e as coisas continuam como sempre foram.

Contas para pagar, coisas para consertar, coisas para se comprar.

No entanto, há sempre uma esperança que se enraíza dentro de nós.

Sempre há algum motivo, alguma ideia que nos provoca a ação imediata.

Um projeto que se faz urgente.

Planos para uma vida melhor e menos conturbada.

Amigos para serem abraçados.

Causos para serem contados.

Piadas para rirmos juntos.

Livros para serem lidos.

Poemas para serem declamados.

Canções para serem cantadas.

Versos para serem escritos.


 

Está tudo aí. Basta a gente olhar, e ver!


 

Um Feliz 2010 a todos!