quarta-feira, 31 de março de 2010

O branco e o ofício

Quando ficamos alguns dias sem praticar aquilo que faz parte do nosso ofício, acabamos perdendo a empolgação e o foco daquilo que buscamos e almejamos.

Isso acontece muito comigo. Nos dias em que me dedico às aulas de violão ou contrabaixo, acabo me afastando da literatura. O mesmo acontece quando do oposto da situação.

    O ruim é quando se está trabalhando em algum ofício específico e somos obrigados a nos dedicar a outra área que não àquela a que nos interessa no momento. Dias depois, quando voltamos ao que estávamos desenvolvendo, foi-se a inspiração e o foco se perdeu.

Este é o branco. Um black out às avessas. No Black out, não enxergamos nada. Tudo é preto e escuro. O branco é ainda pior. Tem-se uma infinidade tal de informações que uma cegueira branca estabelece-se. Não vemos um palmo à nossa frente. Não somos capazes de estabelecer um pensamento sequer.

    A inspiração é o que impulsiona o artista, mas o que faz a coisa acontecer mesmo é a transpiração. No entanto, quando se perde a inspiração, perde-se a motivação, o entusiasmo, o foco.

Como no caso que acabou de ocorrer comigo há alguns dias. Estava escrevendo um conto que, acho eu, será parte de um romance, aconteceu um empecilho que me obrigou a abandonar o trabalho às pressas. Lá se foi o foco e a motivação perdeu-se de vez nos labirintos de nós mesmos...

sábado, 27 de março de 2010

O porquê do blog

Este blog tem como principal objetivo a prática da escrita. O que pretendo com este espaço virtual e aberto para quem quer que seja é exercitar ao máximo o meu pensamento e praticar, de maneira objetiva e direta, a minha escrita. Além do mais, obter uma disciplina para escrever praticamente todos os dias.

    Confesso que às vezes fica difícil me dedicar como queria a este espaço. Na postagem anterior a esta, confessei, ou simplesmente tentei justificar as minhas ausências esporádicas. No entanto, vou levando...

Este blog, além do que foi descrito acima, é uma espécie de diário pessoal aberto, o que caracteriza o blog como definição primária. Os artigos ou textos deste blog em especial têm como função o exercício da memória do seu próprio autor. É um diário de memórias.

Todo texto carrega em si uma carga de ideias, ideais ou pensamentos do seu autor. No entanto, não tenho pretensão política nem tampouco literária com este blog. O que pretendo é me expor um pouco mais e pôr para fora aquilo que me sobrecarrega.

Os textos aqui postados serão apenas e tão somente um exercício de escrita. A minha intenção não é formar uma legião de seguidores. Esses textos são como passatempo para mim. Escrevo-os sem intenção. Somente por deleite próprio.

São escritos possíveis de serem partilhados. E só.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Presença esporádica

Passei vários dias sem me dedicar a este blog. Estive mais envolvido com outros afazeres nestas últimas semanas. Minha presença esporádica nestas paragens virtuais cada vez mais se intensifica.

Cada dia que passa, vou adiando mais e mais o meu retorno a esta página. Se bem que nos últimos dias fiquei envolvido de tal maneira com as aulas de música e com a banda de um modo geral que mal pude me concentrar a algum texto qualquer.

Não que esteja me desculpando, mas acabo ficando um pouco chateado comigo mesmo quando não me dedico suficientemente a este blog. Sei que têm pessoas que leem de quando em vez e que esperam por uma nova postagem.

Vontade e necessidade de escrever sempre tive, ou tenho. A escrita é uma forma de me expor, e estes textos aqui do blog servem como um desabafo. Este espaço é como ma janela aonde, de vez em quando, eu me debruço e espio a paisagem ao meu redor, ou o que me acontece no meu íntimo.

Algumas ideias de temas para serem desenvolvidos, volta e meia, passam pela minha cabeça. Aí penso: "depois eu escrevo..." E esse depois demora tanto que o texto nem sequer toma corpo.

    Mas tentarei não me ausentar mais por muito tempo. Prometo. Preciso aprender a me concentrar e a me dedicar com mais paixão a este ofício.

    Este é mais um texto simples e sem pretensão literária.

    Apenas um pequeno escrito possível.

sexta-feira, 12 de março de 2010

E Assim Falou Zaratustra...

Na postagem de hoje transcrevi um trecho do livro Assim falou Zaratustra, do grande filósofo e pensador do século XIX Friedrich Nietzsche. O trecho abaixo não necessita de explicações, basta ler, apreciar e interpretar. O estilo poético e bíblico do texto sugere interpretações diversas. Porém a mensagem principal pode ser facilmente compreendida.

    Segue o trecho:

"Chamo desgraçados também aos que têm de estar sempre à espera, são o contrário de mim, todos esses aduaneiros e tendeiros e reis e demais guardiães de países e de lojas.

    Eu também aprendi profundamente a esperar, mas esperar-me a mim. Aprendi sobretudo a ter-me de pé, a andar, a correr, a saltar e a bailar.

    Que a minha doutrina é esta: o que quer aprender a voar um dia, deve desde logo aprender a ter-se de pé, a andar, a correr, a saltar, a trepar e a bailar; não se aprende a voar logo à primeira!

    Com escadas de corda aprendi a escalar mais de uma janela; com pernas ágeis trepei a elevados mastros do conhecimento, oscilando como uma labaredazinha: uma luzinha tão só, mas um grande consolo, todavia, para as embarcações encalhadas e para os náufragos.

    Cheguei à minha verdade por muitos caminhos e de muitas maneiras; não subi por uma escada só à altura donde os meus olhos olham ao longe.

    E nunca perguntei o caminho sem me contrariar. – Sempre fui contrário a isso. – Sempre preferi interrogar e submeter à prova os próprios caminhos.

    Provando e interrogando, foi assim que caminhei, e naturalmente é mister aprender também a responder a semelhantes perguntas. Eis o meu gosto: não é o meu gosto, e não preciso ocultá-lo nem dele me envergonhar.

    'Este é agora o meu caminho; onde está o vosso?' Era o que eu respondia aos que me perguntavam 'o caminho'. Que o caminho... o caminho     não existe.

    Assim falou Zaratustra."

quinta-feira, 4 de março de 2010

O fugitivo perneta

Na última segunda-feira, dia primeiro de fevereiro, estava eu assistindo ao Jornal do Almoço, da RBS TV, quando a âncora do jornal apresentou a matéria sobre um detento que escapara do Presídio de Itajaí. Na hora mesmo veio-me à mente a imagem do personagem do romance A Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson, o pirata Long John Silver. A relação se deu devido ao fugitivo ser perneta, assim como o velho pirata desse clássico romance de aventura.

    Por ter conseguido escapulir da prisão, o personagem da vida real assemelha-se também, acredito, ao que se diz respeito à agilidade do pirata perneta. A passagem do livro que descreve o vilão é crucial: "Tinha a perna esquerda amputada, e sob o braço trazia uma muleta, que manejava com destreza admirável, saltitando com ela feito um pássaro".

    Fiquei imaginando e vendo a cena na minha cabeça do fugitivo perneta saltitando, veloz, feliz e livre como um pássaro em busca da liberdade.

    O velho pirata traiçoeiro, aliás, também acabou escapulindo de vereda no final da aventura. Sumiu do mapa. E, segundo consta no romance, a sua fuga aconteceu aqui pelas paragens americanas. Vai ver o ex-presidiário é um parente longínquo do velho Long John Silver...

    Agora, imaginem aqui comigo: como serão os guardas daquele presídio para deixarem escapar um detento perneta?! Será que são também pernetas? Ou, quem sabe, manetas? Pois eu acho que são, simplesmente, ceguetas.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Os três anos do Taleco


Ontem, 28 de fevereiro, eu e a Mila fomos festejar os três anos do nosso afilhado, o Thales. A festa aconteceu na casa do Horácio e da Cinara, que são os pais do aniversariante.
Assim como toda boa festa de criança, as guloseimas e os salgadinhos, preparados pela Ci, não faltaram. E para aproveitar ao máximo o momento, segui à risca o ditado que diz: "em terra de romanos, faça como os romanos". Ataquei de pratinho de papelão e garfinho de plástico – estes, reservados, lógico, exclusivamente às crianças.
O garfinho, acabei devolvendo-o ao pequeno monte que jazia a um canto da mesa devido às censuras da dona Isolde para trocá-lo por um garfo de metal.
"Não não, João, coma com o garfo de verdade, é melhor! – ralhou comigo a avó materna.
Que sem-graça, comer à moda ordinária de todos os dias!
"Tudo bem" – pensei comigo – "mas quanto ao pratinho de papel, este ninguém me tira!"
Entregamos os presentes ao afilhado ali mesmo na cozinha. Dos três presentes que levamos, o que o Taleco aparentemente mais se encantou foi o pianinho.
Tempos depois da entrega dos presentes, lá estava ele ainda cantarolando, acompanhando-se pelo teclado, a escala diatônica, que ainda não sabe muito bem: "Dó, ré, mi, fá, lá, lá, rá, rá, lá...
Estava tudo uma beleza, e, ainda por cima, para não fugir do padrão dos festins familiares e fraternos, trouxemos para casa aquele potinho cheio de salgados – que foi devorado tão logo chegamos em casa – além de mais um pedaço de nega maluca. Coisa boa!
Parabéns ao Taleco e um beijo bem grande pra Verônica, que é a sua irmãzinha e que está completando hoje oito anos.
Ah, só pra deixar todo mundo com inveja: enquanto escrevi este pequeno texto, devorei o derradeiro pedaço da nega maluca.