sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

A Frase (2)

"E qualquer coisa que recorde agora, vai doer, a memória é uma vasta ferida"
                                     Chico Burque - Leite Derramado

Natal em São Joaquim

Passei a noite de Natal em São Joaquim, como sempre, junto aos meus familiares. Raras foram às vezes em que nos ausentamos da cidade nesta época do ano.

Neste ano a família toda se reuniu aqui em casa, diferentemente de outros anos, em que a ceia sempre era realizada na casa dos meus avós maternos. O que me deixou muito feliz foi ter a presença da Mila, que veio, juntamente com os seus pais, Renato e Vera, passar o Natal junto a minha família.

A ceia foi preparada pela minha mãe, que, diga-se de passagem, é uma cozinheira de mão cheia. Fez para nós um cardápio digno de reis: salmão, talharim – ao molho funghi e ao molho branco com camarão – e salada diversa. De sobremesa: sorvete com calda de chocolate, pudim, docinhos e frutas variadas.

À meia-noite, como é de praxe, sempre puxamos um caloroso Parabéns a Você dirigido à minha mãe, Natália, que faz aniversário em vinte e cinco de dezembro.

Após a ceia, lá pela uma e meia, fomos para o Fulano Bar – na verdade o evento foi no Parque da Maçã, mas organizado pelo Fulano, aonde iríamos nos apresentar com a The Zorden.

Tocamos apenas em três músicos: eu e os meus dois irmãos, Rafael e Eduardo. O show foi muito bom apesar de eu estar quase sem voz. Não conseguia cantar direito devido à alergia que me acometeu e deixou-me rouco durante toda a semana.

O importante é que aparentemente todos gostaram e que os donos do bar ficaram contentes com a festa e com os resultados alcançados.

É isso aí!

Um Feliz Natal a Todos!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Panorama do Conto Catarinense - Iaponan Soares (org.)

    Os contos deste volume foram selecionados e organizados por Iaponan Soares. O livro reúne o que há de melhor no conto catarinense. Traz, além das histórias, dois estudos muito importantes sobre a ficção catarina: um de Carlos Jorge Appel – O conto em Santa Catarina, e o outro, de Celestino Sachet – Panorama do conto catarinense.

Como o próprio título da obra diz, o volume faz uma visão panorâmica sobre o conto catarinense e seus mais importantes autores, passando pelos simbolistas, Virgílio Várzea, Oscar Rosas e Santos Lostada, os Modernistas do Grupo Sul até os mais novos da época, ou seja, 1974, ano de lançamento da obra.

O volume nos brinda com dois contos populares, recolhidos do nosso folclore: O moço que queria casar e A araponga e a onça, ambos anônimos.

Leitura indispensável para quem quer conhecer a cultura e os autores barrigas-verdes.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Churrasco com Rolinho Primavera

Ontem à noite fui à casa de um grande amigo meu aqui de São Joaquim, o Dico. Estavam lá o próprio o Dico, a Paula (namorada dele), o Carlos, com sua mulher e seu filho, Cristina e Wagner.

Estávamos bebendo cerveja e batendo papo quando chegaram o Gustavo e o Guilhermo, dois irmãos e também grandes amigos meus.

    O papo fluiu muito bem.

Logo estávamos saboreando o Rolinho Primavera que o dono da casa preparou juntamente com coração de galinha e um churrasco à moda serrana. É a mistura dos costumes (visto que o Dico e o Carlos têm descendência japonesa) e consequentemente o enriquecimento da cultura local. É impressionante e bonito ver a Paula e a Cristina (ambas não têm descendência japonesa) tão envolvidas na cultura daquele país.

    Apesar do Rolinho Primavera não ser uma comida típica do Japão, mesmo assim faz parte do universo nipônico e oriental.

    Enquanto esvaziávamos todas as garrafas e latinhas de cerveja     que estavam à vista, as piadas e os causos da região tornaram-se o tema da noite.

Rimos e gargalhamos das histórias que o Guigui contou.

Rever os amigos, rir das suas e das nossas próprias histórias, beber aquelas cervejas geladas e saborear um churrasco juntamente com Rolinho Primavera são das melhores coisas dessa vida.

Realmente foi uma noite muito prazerosa.

Que bom!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A Frase

"Toda obra abandonada não precisa envelhecer para ser ruína"
                         José Saramago - Memorial do Convento

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Aguardo – de Gregory Haertel (2008)

Este é o primeiro romance do blumenauense Gregory Haertel. Aguardo é a cidade onde circulam e se cruzam as personagens da história, formando um emaranhado de vivências e destinos, como rios que se desembocam uns nos outros. É um espelho da cidade de Blumenau – a enchente que volta e meia assola a cidade serve como pano de fundo à trama, onde as personagens aguardam por um futuro melhor e menos hipócrita.

    O autor nos brinda com uma linda narrativa, bem estruturada e muito bem escrita. Leva o leitor a vertiginosos saltos entre o bem e o mal; entre os claros e os escuros que todos nós guardamos dentro de nós. Cada personagem nos revela algo inquietante, algo irreal e absurdo, assim como a nossa própria vida.

    Gregory Haertel escreveu também algumas peças teatrais, entre elas: A Parte Doente e Volúpia – encenadas pela Cia. Carona de Teatro, de Blumenau – SC; e Sujos, encenada pelo Grupo K. Blumenau – SC. No momento, prepara uma adaptação de um texto grego para o teatro.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Gasparino Mattos, o ‘tio’ Gaspa

Hoje de manhã, ao voltar para casa depois de uma aula de contrabaixo que dei, recebi uma notícia desagradável: "o 'tio' Gaspa faleceu", disse o meu irmão Rafael. Minha mãe havia ligado de São Joaquim há poucos minutos dando a triste notícia.

Gasparino Mattos, ou simplesmente 'tio' Gaspa, como era carinhosamente chamado pelo povo joaquinense, foi um homem simples e de bom coração. Sem estudos, mas de uma esperteza sem igual, possuía um raciocínio ágil e um pensamento arguto. Em torno de sua lendária figura correm causos e mais causos. Alguns verdadeiros e outros nem tanto. "Essa gente inventa munta cousa da gente", dizia rindo meio disfarçado quando era interpelado por alguém sobre alguma história em que seu nome era citado.

Muitos causos conhecidos do tio Gaspa eram contados pelo meu tio Olavo. Este, como um bom contador de causos que era, sempre aumentava um ponto às anedotas, deixando o ouvinte, quase incrédulo, com uma pulga atrás da orelha.


 

Certa vez o tio Gaspa foi consultar com o tio Olavo, que além de médico era vizinho dele de fazenda, coisa que lhe dava certo orgulho.

- "Só tenho vizinho graúdo, dum lado, o tôr-Olavo, e do ôto, o Joaquim dos Artomóvis", dizia orgulhoso.

Chegando ao consultório, foi logo se queixando das dores que o afligiam.

- Tôr-Olavo, to c'umas dô ansim nos estômgos...

O doutor, que era muito espirituoso, assim que o examinou com o auscultador na região do estômago e constatando que aquilo não passava de uma simples dor de barriga, já pensou em pregar-lhe uma peça.

- Pois é tio Gaspa, vamos ter que tirar umas chapas do seu estômago... – foi dizendo o doutor com uma cara de preocupação.

- Ih, dotô, num gosto munto dessas cousa d'ocês quano falo ansim desse jeito...

- É tio Gaspa, mas é que eu acho que a coisa é séria... o senhor está grávido!

No que o tio Gaspa arregalou os olhos e com seu pensamento ágil foi logo dizendo:

- E eu memo onte falei pá minha muié que esse negócio dela vim por cima não ia dá certo...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Blog do Glauco – S. Joaquim de Fato

Hoje encontrei o blog do meu amigo e companheiro de copo e de papo, Glauco Silvestre Silva, o Glauquinho, com costumamos chamá-lo. O blog chama-se S. Joaquim de Fato. Lá encontramos escritos diversos, assim como neste blog. A diferença é que lá encontramos textos voltados para a política da região. Os textos são críticos e reveladores, assim como quem o escreve. Quem quiser acompanhar os assuntos da política, da cultura e do lazer da cidade de São Joaquim, este é o lugar apropriado, pois as postagens são livres de pensamento e despidas de politicagem.

    Parabéns, Glauco – Sucesso Sempre!!!


 

Este é o link: http://glaucosilvestre.blogspot.com/

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Trecho de Deserto e Solidão - romance

O trecho a seguir faz parte do romance regional que estou escrevendo. Pretendo descrever a região serrana de Santa Catarina e retratar a vida dura da gente pobre do lugar:


 

Foi logo depois da ordenha que João Antônio e sua família puseram-se a caminho da estância. Tio Guinas ficou tomando conta do rancho.

    – Façam u'a boa viage', meus fio!

    – A bença padrinho.

    – Deus le abençoe!


 

    O boi osco pôs-se a andar com seu passo lerdo e pachorrento. O carro range suas rodas num canto agoniante e choroso. Maria da Graça, sentada nas taboas do veículo, segura a filha em seus braços. Esta dorme embalada aos solavancos e à serenata que o carro produz. "Êra boi!", gritou João Antônio naqueles ermos. Seu grito perdeu-se pelos campos a fora e subiu a encosta ecoando ao infinito a última sílaba: oi... oi... oi... Uma perdiz voou de uma macega próxima. O trepido do voo da ave nem sequer assustou o boi que seguia lentamente o seu caminho. Do lado do morro, o canto das aves enche o vazio numa orquestração louca. Pintassilgos, curicacas, gaviões, papagaios, tirivas, tico-ticos, pica-paus, joões-de-barro, grimpeiros, gralhas-azuis, chopins. Cigarras gemem. Insetos das mais variadas espécies celebram o dia com seus guinchos estridentes. Ao longe, para o lado do campo aberto, ouve-se o canto das seriemas com sua melodia maluca. Alguns quero-queros gritam próximos.

    João Antônio guia o boi de cima do carro vestido com sua roupa domingueira. Uma camisa de linho branca já um pouco surrada pelo tempo e pelo uso; um lenço cor de vinho fazendo às vezes de gravata; botas pretas sanfonadas; uma bombacha bege.

Vão em silêncio pela picada. Mais uma hora até chegar ao antigo corredor das tropas. A estrada, muito utilizada nos tempos dos tropeiros, está agora mal conservada. Atoleiros e vassouras enormes impedem em muitos trechos a passagem de veículos maiores. Um carro com dois bois carreiros teria muita dificuldade em transpor esses trechos. Um automóvel então, nem se fala... Mas estes são ainda tão poucos na região que nem mesmo o coronel Osório possui um.

Chegaram ao antigo corredor das tropas. Dali, mais umas duas horas de viagem até a vila da Chapada do Cruzeiro. Querem chegar a tempo para a missa do Dia de Finados. Os moradores da região vêm para a vila passear e aproveitar o dia para visitar os seus mortos. O sol das dez horas esquenta, e se não fosse o vento frio de princípios de novembro, o calor seria insuportável naquele descampado. À esquerda, a paisagem perde-se pelas coxilhas a fora. O verde-claro dos campos contrasta-se com o escuro dos capões e matas aqui e ali. "Mais pro fim do dia vem trovoada por aí...", pensa João Antônio olhando para o horizonte à sua esquerda.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A Ponte Japonesa no Jardim Giverny, de Claude Monet (1918-1924)

O soneto a seguir foi composto por mim para a obra de Claude Monet. Procurei ressaltar no poema a dedicação com que Monet partilhava com a luz, com o sol, com as sombras, com as cores, com a natureza enfim, pois acredito serem essas as inspirações que lhe davam um sentido mais real para a sua vida (daí as palavras "brida" e "vida" fazendo rima uma com a outra). O termo "canto" faz alusão ao trabalho dedicado do artista no decorrer de sua vida. O resto, acho que o próprio soneto terá condições de mostrar.


 


 

À luz do sol hei de cantar meu canto,

Que do amor e das flores nasce a vida.

Sombras e luzes na paisagem – o encanto,

Mundo de cores e sabores – brida.


 

Na beleza das cores saltitantes

Prendi o meu olhar. Pedra no frio.

Arranquei d'água o som mais deslizante

Que se faz refletida à luz do rio.


 

Canto de cor, som, luz e sentimento.

E qual será o tom e o dom profundo

Da cor da vida e deste vão momento?


 

Meus olhos ardem como o fogo – vida –

Na fulgência das cores – sol do mundo –,

No canto-cor. E a luz se faz perdida.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

“Orgulho”, o pequeno grande conto de Rubem Fonseca

Dono de um estilo ímpar dentro da Literatura Brasileira, Rubem Fonseca consegue transformar um simples fato corriqueiro em uma arte que nos arrebata e nos faz pensar sobre o que somos, nos nossos defeitos e qualidades, e, no caso do conto a ser estudado, no nosso orgulho.

    O conto "Orgulho", publicado em 1995, no livro "Buraco na Parede", da Companhia das Letras, narra os momentos de aflição da personagem que está numa mesa de cirurgia. Passa-lhe pela cabeça imagens e lembranças de fatos que o marcaram – mulheres, o "ovo de madeira muito liso e macio" com que sua mãe cerzia as meias que ele usara, um relógio muito valioso etc. O personagem, acima de tudo, lembra de ter sido sempre muito orgulhoso.

    A maneira que o autor apresenta a narrativa é extremamente eficaz. Só um grande conhecedor da língua é capaz de alcançar tal eficácia, pois o autor usa e abusa das orações coordenadas aditivas, eliminando, destarte, os pontos finais. E é justamente isso que faz com que o leitor sofra e sinta, junto com a personagem, a falta de ar e a agonia de morte da qual esta sofre.

    Exímio narrador, Rubem Fonseca utilizou-se do mesmo recurso que o escritor português José Saramago utiliza (ou melhor, não utiliza): a pontuação. Ou seja, faz uso apenas de alguns sinais de pontuação – as virgulas e os pontos (sendo que estes últimos aparecem apenas nas últimas linhas da narrativa).

    A narrativa possui uma força poética como poucas, pois trata de analisar o que se encontra nos mais recônditos sentimentos da espécie humana. O amor-próprio exagerado, a autovalorização, a vaidade, a soberba, o orgulho, tudo isso o autor revela no decorrer da narrativa, com extrema capacidade de argúcia. O leitor sente-se arrebatado pela força da narrativa, como se fosse a própria personagem.

O crítico Silviano Santiago escreveu no verso dos Contos Reunidos de Rubem Fonseca, lançado em 1994 pela editora Companhia das Letras: "Num estilo literário que imita as seduções de planta carnívora, os contos de Rubem Fonseca dramatizam com rigor inédito esse tema universal e regional, palpável e escorregadio. O corre-corre do trabalho e as horas de merecido lazer são preenchidos pelos diversos rituais da perversidade e da alegria sádica. No caso dos marginais ao sistema, a luta pela sobrevivência miserável celebra a orgia escatológica de corpos e armas mortíferos".

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

The Zorden em CD (3)

No dia 13 de outubro dei início às gravações dos vocais do próximo CD da The Zorden. Assim como nas linhas do baixo, a primeira música que gravei foi Sinais. Foi relativamente fácil gravar a voz nas músicas de minha autoria. Logo no terceiro take, ficava já alguma coisa gravada. Depois, íamos ajeitando aqui e ali. Em algumas vezes era a afinação que ficava um pouco a desejar. Em outras, era a interpretação.

As duas canções que tive mais dificuldade foram Pra te encontrar e Tapera (Ribomba): a primeira por nunca tê-la cantado; a segunda, devido aos intervalos da melodia composta pelo meu irmão.

Levei apenas três dias para gravar a voz nas sete canções em que participo como vocalista principal, com exceção da música do Marcos (Pra te encontrar), que acabei refazendo todo o vocal num quarto dia. Todavia, no geral, a gravação foi bem tranquila.

    O Fael também gravou as suas partes com certa facilidade. Foram duas semanas de gravação, incluindo a minha parte e a dele. A canção Pra te encontrar foi a que deu mais trabalho, pois ainda não tínhamos definido quem iria catá-la no CD: eu ou o Fael (que também fez a sua versão para a música). No fim das contas, acabamos misturando as duas versões, a minha e a dele, e dividindo os vocais.

Quase concomitantemente à gravação das vozes principais, demos início aos vocais secundários...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

São Miguel - Guido Wilmar Sassi (1962)

São Miguel é um romance regional, porém de amplitude universal. O assunto principal do livro é o transporte da madeira de São Miguel - SC, através do rio Uruguai, para a Argentina. As personagens esperam e anseiam pela enchente que torna possível o escoamento da produção madeireira. Além do drama principal, o romancista narra os dramas e os problemas individuais, dando ao autor do romance (ou novela?) um ar de sociólogo e antropólogo.

Guido Wilmar Sassi é um dos maiores escritores catarinenses de todos os tempos. É considerado pela crítica um dos nomes mais importantes da ficção brasileira surgidos na década de 50. Participou, ao lado de Salim Miguel e Eglê Malheiros, do então chamado Grupo Sul, movimento artístico-cultural que tinha em vista a renovação das artes de Santa Catarina. Nascido em Campos Novos, mas criado em Lages, veio a falecer no Rio de Janeiro, em 2002.

Do autor, são os volumes de contos: Piá (1953); Amigo Velho (1957); Vinte Histórias Curtas (em colaboração) (1960); Testemunha do Tempo (1963), entre outros. E os romances: Geração do Deserto (1964) e Calendário da Eternidade (1983), entre outros.

sábado, 24 de outubro de 2009

The Zorden em CD (2)

Escolhidas as músicas para segundo CD da The Zorden, o passo seguinte foi definir o groove da bateria e o andamento das canções. Para isso, contamos com a ajuda do nosso produtor, Deny Bonfante.

No dia 14 de julho deste ano entramos no RVB Estúdios para gravar as guias. Em 28 de agosto, o Eduardo, ou Tchunai (gosto de escrever o assim o seu apelido) deu início às gravações da bateria. Ficou mais ou menos duas semanas trabalhando nas canções. No dia 21 de setembro, às dez horas da manhã, foi a minha vez.

Na parte da manhã equalizamos o som e registramos e finalizamos a linha de Sinais; Demos uma pausa para o almoço e recomeçamos por volta das 13h e 30min. Gravei todas as linhas em três dias.

A partir da guia de baixo e batera, foi a vez do Rafael, ou Fael, gravar os teclados. O Marcão entrou com as guitarras base na semana seguinte, intercalando com as guitarras base do Fael, visto que em algumas canções o Fael também toca guitarra. Uma semana depois, foi a vez dos solos de guitarra, a maioria gravados pelo Mister (Marcos).

No dia 09 de outubro encerramos a parte instrumental básica: baixo, bateria, teclados, guitarras e violões. Desse ponto em diante, começam os registros dos vocais...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

The Zorden em CD (1)

Em janeiro deste ano começamos a organizar as músicas para o próximo CD da The Zorden. Os ensaios foram realizados na casa do Marcos, o nosso guitarrista. Estávamos trabalhando com vinte e quatro canções. Destas vinte e quatro, escolheríamos doze para serem gravadas. O critério de escolha das músicas foi simples: escolhemos as canções que já estavam bem definidas harmônica e ritmicamente, visto que isto facilitaria a gravação das mesmas e daria mais agilidade ao processo de produção do disco.

Outro fator que deu peso à escolha de determinadas canções foi o estilo das mesmas, haja vista a unidade do CD. A partir desse momento, focamos os ensaios nas doze canções pré-escolhidas. Foram elas: A Fonte;
Tudo Passa; Dinheiro;
Sinais e Milene – estas de minha autoria; Nossa Geração; O Sol da Manhã e Tapera (Ribomba) – estas foram compostas pelo meu irmão, Rafael, e letradas por mim, exceto a primeira, cuja primeira estrofe da letra foi escrita pelo meu irmão; Mudanças; O Silêncio do Vento e Canção Perdida – do Rafael; e Pra te encontrar, música do Marcos com letra minha e dele, Marcos.

No primeiro semestre deste ano, ficamos apenas chocando o ovo...

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Eu vi o sol brilhando na janela


Esta canão também faz parte do CD Em Ordem, de 2004, e foi composta pelo meu irmão Rafael. A versão aqui apresentada foi registrada na Festa da Maçã, de São Joaquim - SC, minha terra natal. http://www.youtube.com/watch?v=B7I1ovwiy9E

eu pensei que não veria mais alguém que amei

eu pensei que não teria mais o que desejei

e pensei não existir alguém que me desse amor

pois quando eu acordei não me vi sozinho...



eu achei que não seria mais o que aspirei

e cansei de procurar nos bares que passei

e pensei em desistir de esperar por amor

mas quando eu acordei não me vi sozinho...



eu vi o sol brilhando na janela

e o vento frio nos cabelos dela

e ouvi um sabiá cantar pra ela

e o meu coração bater por ela



o tempo passou

vivemos sem pressa

a saudade dói

e o tempo amarga o beijo

sábado, 10 de outubro de 2009

Caminhos



Esta é a letra da música Caminhos que foi gravada originalmente no CD Em Ordem, da banda The Zorden. Quem quiser curtir o áudio, há duas versões no youtube. A versão aqui apresentada no link foi gravada ao vivo na Festa da Maçã, de São Joaquim - SC, no dia 21 de abril 2009 - http://www.youtube.com/watch?v=5fx59FV51t0

Tantos dias vaguei em vão
Tantas noites ao léu
Tantos dias você nem sequer me notou nem me deu atenção

Cada coisa tem seu lugar
Cada dia também
Sei que um dia você ainda vai se lembrar de pedir meu perdão

Sem você, quanta dor
Basta um dia eu te ver ou você me sorrir
Pra lembrar que amor sai em busca do sol

Que certeza terei de mim
Qual caminho seguir
Bom lembrar que o amor que guardei pra você 'inda está por brilhar

Sem você, quanta dor
Basta um dia eu te ver ou você me sorrir
Pra lembrar que amor sai em busca do sol

Qual caminho vai me levar
Quais as portas, não sei
Eu só sei que o amor encontrou em você a razão de viver
Eu só sei que o amor encontrou em você a razão de viver

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Quaderna - João Cabral de Melo Neto


Dando continuidade ao assunto da resenha de ontem, falarei de mais um livro de João Cabral de Melo Neto, este que é um dos maiores poetas brasileiros. O tema central do texto de hoje é a obra Quaderna.
Quaderna (1956-1959) é um volume dedicado a Murilo Mendes. Os poemas são escritos sempre em quadras ou quartetos ou simplesmente em múltiplos de quatro. Representa o estático, o estável. Poemas de extrema racionalidade, assim como grande parte da obra do poeta de Morte e Vida Severina.

 
"A atmosfera que te envolve
Atinge tais atmosferas
Que transforma muitas coisas
Que te concernem, ou cercam.

 
E como as coisas, palavras
Impossíveis de poema:
Exemplo, a palavra ouro,
E até este poema, seda. (...)"

 
De A Palavra Seda

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Serial – de João Cabral de Melo Neto

Minha publicação de hoje aqui no blog será uma espécie de resenha com um quê de dica de leitura. Falarei sobre Serial, de João Cabral de Melo Neto (1959-1960), este que é um dos meus poetas favoritos. Li este livro em julho de 2008.

O livro é dedicado a José Lins do Rego. Poemas organizados a partir de quatro sistemas que representam, assim como em Quaderna, outro volume do autor, a racionalidade. O autor menospreza a espontaneidade, nega a inspiração e repudia a musicalidade. No entanto, alguns poemas possuem uma musicalidade que surpreende o leitor, assim como o trecho a seguir de "Generaciones y Semblanzas":


 

"Há gente para quem

tanto faz dentro ou fora

e por isso procura

viver fora de portas.


 

E em contra existe gente,

mais rara, em boa hora,

que se mostra por dentro

e se esconde por fora:


 

dela é os poeta-hortelão

que se tranca na horta

para cuidar melhor

sua literária flora;..."

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Morning Ower – On the Divide



Na última segunda-feira, dia 5 de outubro, eu e o Tchunai – o meu irmão do meio e baterista da The Zorden – fomos gravar uma das canções de dois amigos nossos aqui de Blumenau, o Jairo Adriano e o Jesse Kauffman. O primeiro é natural de Concórdia, cidade do oeste de Santa Catarina, e é o violonista e compositor da dupla. Já o Jesse veio diretamente de Iwoa – Estados Unidos da América – e é o responsável pelas letras das canções e pelos vocais. O projeto de gravação é um tanto quanto inusitado. Ao invés de gravar um CD completo como é o costume da maioria das bandas, a dupla, ou, melhor dizendo, o trio (pois contam também com a presença significativa de Henrique Marques – teclados e arte gráfica) pensa em registrar suas criações aos poucos, à maneira de singles.

    A gravação da canção On the Divide foi realizada no MD Studio, de Márcio Dias (que inclusive gravou alguns dos teclados do CD Em Ordem, da banda The Zorden, de 2004) e foi registrada cinematograficamente por Diego Dambrowski. Contou também com a presença feminina de Joice Felippe, namorada do Jesse e estilista da Morning Ower.

    Terminado o trabalho, empanturramo-nos com duas pizzas oferecidas pela dupla.

    Saúde e Sucesso à Morning Ower!


Ficha técnica de On the Divide:

Voz – Jesse Kauffman; violão – Jairo Adriano; teclados – Henrique Marques; contrabaixo – João Paulo Martorano Salvador; bateria – Eduardo Martorano Salvador

Gravado por Márcio Dias, no MD Studio – 05 de outubro de 2009, Blumenau – SC.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Oktober 2009

No último sábado fomos, eu e a Mila, minha namorada e companheira, pela primeira vez na Oktoberfest deste ano. Já é a 4ª edição da festa que vamos juntos. Sempre com a mesma alegria e a mesma disposição, apesar da preguiça que nos abate. Nesta Oktober estamos menos empolgados do que o costume. Um pouco pela grana que se gasta, que não é pouca, um pouco pelo tempo sempre chuvoso nessa época do ano. A verdade é que a cidade e os blumenauenses como um todo estão meio ressabiados pela tragédia que assolou a região em novembro passado. Ainda por cima, há riscos de ocorrer outra tragédia este ano. Na última semana, foi por pouco que não aconteceu uma enchente. O rio Itajaí-Açu quase transbordou. Algumas localidades e ruas foram atingidas, mas nada comparado ao que aconteceu no ano passado.

    Fomos para a festa por volta das 22h. No estacionamento, lá se vão R$ 15,00... Na fila dos ingressos, permanecemos umas duas horas, abaixo de uma garoa fina. Lá se vão mais R$ 30,00 nos tíquetes... estes foram a Mila quem os pagou. Já dentro dos pavilhões, mais R$ 24,00 em chope... Bebemos os seis chopes, comemos um cachorro-quente – R$ 5,00 – e enfrentamos mais uma fila para comprar mais chopes, desta vez com o cartão da Mila – mais R$ 24,00. Tomamos dois dos seis chopes comprados e fomos assistir ao show do Vox 3, uma das bandas da região no estilo ChucruteMusic. Durante o show, bebi mais um chope. Nem a apresentação da banda havia terminado, resolvemos vir embora. Na saída, mais um cachorro-quente – R$ 5,00...

    Como disse no início desta croniqueta, não é pouca a grana que se gasta na festa. Do meu bolso, saíram R$ 49, 00. A Mila desembolsou mais R$ 54, 00. Somando os dois, foram R$ 103,00. Não é pouco para quem vive de música e não tem um salário estável. Mas, no fim das contas, tudo vale à pena. E, numa próxima oportunidade de ir à festa, lá estamos nós novamente, quem sabe um pouco mais empolgados que desta última vez...

    Ein Prosit!

sábado, 3 de outubro de 2009

Soneto


O soneto que segue logo abaixo foi escrito no dia 10 de dezembro de 2004. Alguns retoques foram feitos aqui e ali no decorrer desses anos todos. Eis o resultado dessas lapidações:


Um livro exposto na estante me espreita.
Parece-me que o livro encerra em si
um lapso de instantes que eu não vivi.
Visão anterior ao ser primeiro


Vasto caminho. Vasta solidão.
O que me basta é ser o que já fui.
Meros versos dispersos ao sonhar,
meras lutas travei em mim – e em vão.

Velhos hábitos, velhas atitudes
povoam meu espírito inquieto.
Será o sonho um tempo em construção?

Será o dia a construção da noite?
Será a noite que prepara o dia?
E o livro que me espreita encerra o fim.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Escritos Possíveis

Tenho agora a intenção de publicar esporadicamente aqui nestas paragens virtuais alguns textos relativos a fatos vividos ou simplesmente testemunhados por mim. Este blog tem como objetivo o registro de minhas memórias diárias e a publicação de alguns textos escritos já há alguns anos ou textos que ainda não se transformaram em palavras e são somente ideias na minha cabeça. Registrarei também algumas impressões acerca de livros, discos, filmes, shows ou qualquer tipo de expressão artístico-cultural que me toque de alguma forma. Não tenho tampouco a intenção de transformar este espaço em algum tipo de caderno de lazer. Será simplesmente um blog.
Bem vindo a todos

O Tempo e as Coisas

Aqui estão a letra e o vídeo de uma de minhas canções. Esta canção foi lançada no CD Em Ordem, da The Zorden, de 2004.

O tempo vai
Vento vem me contar
Coisas que tempo deixou
E esqueceu entre nós

O dia vem
Tempo demais pra viver
Rastro que o rio carregou
Longe demais pra se ver

A tarde cai
Dia findou de brilhar
Longa noite que vem
Frio demais que nos traz

A noite vem
Resto de luz se apagou
Gesto na sombra morreu
Ermo de luz

O tempo vai
O dia vem
A tarde cai
A noite vem

E esqueceu entre nós
Longe demais pra se ver
Frio demais que nos traz
Ermo de luz

Solidão

14 de março de 2003.