quarta-feira, 30 de junho de 2010

Máximas de Saramago (2)

"Mil vezes a experiência tem demonstrado, mesmo em pessoas não particularmente dadas à reflexão, que a melhor maneira de chegar a uma ideia é ir deixando discorrer o pensamento ao sabor dos seus próprio acasos e inclinações, mas vigiando-o com uma atenção que convém parecer distraída, como se se estivesse a pensar noutra coisa, e de repente salta-se em cima do desprevenido achado como um tigre sobre a presa."


 

Em O Evangelho Segundo Jesus Cristo, p. 90-91.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Os iPads e os livros convencionais

O advento dos iPads e outras mídias eletrônicas indica que os leitores, cada vez mais, deixam de adquirir os livros convencionais, impressos em papel, e se rendem sem resistência aos e-books e outros textos digitais em geral. Tomando como exemplo o meu próprio exemplo, à medida que o tempo passa, o livro eletrônico torna-se cada vez mais presente no meu dia a dia. No entanto a necessidade de ter em minhas mãos, impressos em papel, os textos que leio aqui no ecrâ do computador é imprescindível.

No caso das consultas em dicionários, nada melhor que um dicionário eletrônico. Basta digitar o verbete desejado que, num átimo de segundo, todas as definições estão ali, prontas, imediatas. Além das definições, o dicionário eletrônico dá também os sinônimos, os antônimos, a gramática, os homônimos, os parônimos, a etimologia e uma série de informações necessárias para um profundo entendimento da palavra ou termo pesquisado.

Tenho um dicionário Aurélio século XXI (em papel) – o "Aurelião" -, que ganhei de um amigo na ocasião da minha formatura, mas o que acontece é que, como também possuo um dicionário eletrônico Houaiss (inclusive já com a nova ortografia) instalado aqui no micro, acabo utilizando cada vez menos o meu livrão.

Se o livro é utilizado pelo leitor apenas como fonte de pesquisa, nada melhor que um texto digitalizado, por sua rapidez e praticidade no ato da pesquisa. Agora, se o leitor deseja uma leitura que lhe dê prazer, deleite, uma leitura profunda, com calma, nada como o bom e velho livro impresso em papel.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Máximas de Saramago (1)

Monólogo interior de José, em o Evangelho Segundo Jesus Cristo, de 1991.


 

"O que é que em nós sonha o que sonhamos, Porventura os sonhos são lembranças que a alma tem no corpo, pensou a seguir, e isto era uma resposta."

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Liquidação de Livros


Foi na quinta-feira passada, dia 17 de junho, que eu e a Mila fomos até a Livraria Alemã, aqui em Blumenau, para ver o que encontraríamos dos livros e acessórios para escritório que estão sendo liquidados. A livraria, com mais de sessenta anos de existência, fechará as portas. O que é pena.
    Chegamos à loja por volta das sete horas da noite. Se soubéssemos com antecedência dessa promoção inusitada (tudo com sessenta por cento de desconto), teríamos ido às compras logo no começo da liquidação. Mesmo assim, conseguimos alguns exemplares de relevância.
    A Mila ficou na seção de livros de Arquitetura e Artes e eu, por minha vez, deparei-me com exemplares de Literatura Brasileira. Acabei adquirindo treze livros. Supri algumas deficiências da minha modesta biblioteca. Não tinha nada de Monteiro Lobato, agora, possuo dois: Urupês e Cidades Mortas. Está agora aqui na minha estante, esperando para ser lida, a Antologia Poética, da Cecília Meireles. Do Ariano Suassuna, consegui o seu O Auto da Compadecida. O Retrato do Rei, de Ana Miranda e A Máquina, de Adriana Falcão. Um exemplar do Carlos Heitor Cony – Informação ao Crucificado –, um do romancista Oscar Niemayer – isto mesmo, o arquiteto – E Agora?. Do Salim Miguel, trouxe para casa o seu Nur na Escuridão; O que é isso, companheiro?, do Fernando Gabeira. Uma coletânea de contos do Lêdo Ivo e As Pequenas Criaturas, do Rubem Fonseca. E, para fechar com chave de ouro, A História da Literatura Brasileira – Tomo I, de Sílvio Romero.
O legal dessa história toda é que, além do desconto de 60%, a maioria dos livros que adquiri estava já se encontrava em promoção. Ou seja, se o livro na promoção custava R$ 12,00, com o desconto, saiu por R$ 7,20. Livros novos com preço de livro usado.
    Apenas uma coisa me deixou cabisbaixo: nenhum Saramago. Nenhum mesmo. Quando entrei na loja, dirigi-me objetivamente para a estante reservada ao Nobel de Literatura. Nada. E agora, já não há mais Saramago.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A morte de um ícone

O escritor português José Saramago, primeiro Prêmio Nobel em Língua Portuguesa, morreu nesta sexta-feira em sua casa aos 87 anos. O autor, cuja frágil saúde provocou temores sobre sua vida há alguns anos, pu-blicou no final de 2009 seu último romance "Caim", um olhar irônico sobre o Velho Testamento, muito criticado pela Igreja.

José Saramago é um dos maiores escritores de todos os tempos. Sua literatura é ampla, complexa e extremamente racional, apesar de seus deslizes pelo mágico e pelo alegórico. Seus textos são truncados, cheios de idas e voltas. Um texto opaco. Mas no final de cada leitura, o leitor é quem se sente opaco, cheio de dúvidas, certezas e incertezas. Um texto até mesmo bíblico, apesar de ser “anti-bíblico” no conteúdo.

Minha relação com a obra do escritor português se deu através da música. Foi através de outro grande artista: Chico Buarque. O primeiro livro que li de Saramago foi O conto da ilha desconhecida. Depois, seguiu-se o Memorial do Convento, este belíssimo relato histórico-alegórico da construção do Convento de Mafra, em Portugal. Desde então, nunca mais deixei de ler os seus textos e livros.

Minha visão de mundo tornou-se, depois de conhecer a obra do es-critor, mais centrada e crítica. Sou um quase-ateu, para não dizer ateu mesmo. Minha opinião sobre religião está de acordo com as opiniões do autor português. Concordo com quase tudo o que escreveu. "O ser humano inventou Deus e depois escravizou-se a ele", disse o escritor certa vez. E estamos escravizados e continuaremos ainda por muito tempo...

Uma perda lastimável. Um ícone.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Aprendiz de Contrabaixo

Foi em dezembro de 1995 que aprendi de fato a tocar o contrabaixo. Já arranhava um pouco o instrumento, mas somente umas frases de algumas músicas dos Beatles e outras levadas básicas.

Eu já havia estudado piano quando criança, no entanto já conhecia as escalas básicas e já tinha uma boa noção da notação musical. E de tanto ouvir os discos dos Beatles e de outros grupos e artistas, tanto do rock como da MPB, já sabia como se comportava o contrabaixo numa banda. Foi natural, para mim, tornar-me um contrabaixista.

Estávamos passando uns dias daquele início de verão no nosso sítio em São Joaquim e foi lá que o meu irmão Rafael me deu as primeiras aulas de música. Como na época eu ainda não tinha um instrumento, pedimos então um contrabaixo Tonante de um músico da cidade para as primeiras aulas. O meu irmão ensinou-me alguns arpejos de acordes maiores e menores e diversas músicas.

Tocamos, lembro ainda hoje, a música “D’yer mak’er” – do Led Zeppelin; “Under the bridge” – do Red Hot Chilli Peppers; “All my loving” – dos Beatles; e mais umas quantas músicas do Gilberto Gil, do Alceu Valença e uns quantos roques nacionais e internacionais. Em todas as músicas eu ia me virando no contrabaixo. Executava os arpejos dos acordes das canções e ia aplicando algumas escalas convenientes.

Foi por aqueles dias que o repertório básico da banda se formou...