terça-feira, 12 de janeiro de 2010

‘Vó’ Joaca e suas histórias


Minha avó materna, Joaquina Palma Martorano, sempre foi uma pessoa muito querida e admirada por todos. Gostava de festa e vivia em constante bom humor, atributos estes herdados da família Palma. Eram raras às vezes em que saía dos trilhos. Quando acontecia, era sempre com resmungos – mais para si mesma do que para os outros – que reclamava do 'vô' César quando este se passava em seus momentos de empolgação ou por algum assunto em que a discórdia tomava conta.

Foram muitas as manhãs de verão que passamos, eu e ela, juntos e sentados nas duas cadeiras de balanço na varanda da sede da Fazenda Sumidouro. Ora conversando ora calados, apreciando a bicharada – bois, vacas, ovelhas, porcos, cavalos, bem-te-vis, pica-paus, carucacas, quero-queros, andorinhas, tesourinhas, canários etc. – e a paisagem que se espraia ao longe no chapadão em frente ao casarão: um tapete verde pontilhado aqui e ali por araucárias e dividido horizontalmente por um muro de pedra conhecido naquela região pelo nome de taipa, em cujo primeiro plano da paisagem abriga um açude onde os gansos e patos nadam calmamente.


Ficávamos horas e horas naquela condição: a 'vó' Joaca contando os causos de outrora ou alguma anedota ao estilo do Jeca-Tatu; e eu, um menino ainda nos meus dez ou doze anos, na cadência da cadeira de balanço e embalado pela sua voz calma e serena, fechava os olhos e imaginava as cenas que ela me descrevia, transportando-me no tempo e no espaço aos causos narrados.

Sempre quis voltar no tempo para testemunhar a vida dos nossos antepassados e aprender um pouco mais sobre os seus costumes. Pois sei que é conhecendo o passado que formamos um presente mais próspero e projetamos um futuro melhor.

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