sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A lenda do Gritador


Os tropeiros deram água à cavalhada e armaram um pequeno acampamento no capão próximo às margens o rio Lava-Tudo. Dentro de poucos minutos a água fervia na chocolateira. O pó do café foi posto diretamente na água. Depois, um tição em brasa foi atirado dentro da chocolateira. Isto faz com que o pó desça para o fundo do vasilhame.
Tomado o café, 'tio' Guina ficou um instante pensativo olhando o fogo fixamente. Com calma, começou a falar:
– Há uma lenda de um tal de Gritador que vive nas beiras dos rios e dos tembés assustando quem passa por perto. Diz' que era um homem que vivia por esses campos e que, quando moço, judiava que só ele do seu pingo. O cavalo vivia que era só pele e osso. Não dava água nem comida pro coitado do animal. Numa noite, a mãe do guri aproveitou que este dormia e soltou o cavalo. Mas quando o rapaz despertou e viu o que a mãe fizera, ficou que é um touro xucro. Amarrou a mãe num palanque e encilhou-a que nem a um cavalo e deu de esporear a pobre mulher até a coitada sangrar-se toda. A mãe, humilhada, depois que o filho parou com a judiaria, amaldiçoou-o dizendo que quando ele morresse, não iria para o céu, e, sim, passaria a eternidade vagando e gritando de dor por esses campos a fora. E foi o que aconteceu. Na mesma noite em que o rapaz morreu, ouviram um grito muito estranho e lamentoso ecoando pelas matas. Até hoje o Gritador vive assustando as pessoas. Quando alguém escuta o Gritador, não pensa em outra coisa senão deitar o cabelo e sair em disparada...

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